A
palavra amor (do latim amor) presta-se a múltiplos
significados na língua portuguesa.
Pode significar afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação,
atração, apetite, paixão,
querer bem, satisfação,
conquista, desejo, libido, etc.
O conceito mais popular de amor envolve, de modo geral,
a formação de um vínculo emocional com alguém,
ou com algum objeto
que seja capaz de receber este comportamento amoroso
e enviar os estímulos sensoriais e psicológicos necessários
para a sua manutenção e motivação.
Atração é o ponto inicial de todo amor.
Esta atração pode ser física, bem como mental.
Somente aqueles que estão apaixonados
decidem o limite do amor.
Este não pode estar demarcado por fronteiras.
Muitas vezes tenho comparado o amor virtual
à concepção vulgar de amor platônico.
Amor platônico é uma expressão usada para
designar um amor ideal.
Um sentido popular pode ser o de um amor impossível de se realizar,um amor
perfeito e puro.
Para Platão o amor é um princípio cósmico.
Ele afirmou que o amor é uma escada com sete degraus,
que vai do amor por uma pessoa até o amor pelas realidades superiores do
universo.
Diz que, mesmo que eu me apaixone por uma pessoa, atraído por qualidades,
fixar-me exclusivamente nessa pessoa é permanecer no primeiro degrau de
uma escada que possui muitos outros.
O passo inicial nessa escada, para a maioria das pessoas,
ocorre através do amor físico.
Platão diz que o ser humano busca a imortalidade através da pessoa
amada, por meio da procriação.
Entretanto, fixar-se nesse primeiro degrau
é permanecer parado, em comparação a tudo o que uma pessoa pode vir a ser.
Isso não quer dizer que Platão negue o corpo
ou o amor físico.
Ele apenas afirma que, se eu deixar de ampliar esse relacionamento e não
subir até os outros seis degraus, irei permanecer estagnado.
Os passos seguintes serão um desdobramento natural
da condição humana.
Trata-se, contudo, de uma má interpretação da filosofia de Platão,
quando vincula o atributo "platônico"
ao sentido de algo existente apenas no plano das idéias.
Porque Idéia em Platão não é uma cogitação da razão
ou da fantasia humana.
É a realidade essencial.
O mundo da matéria seria apenas uma sombra que
lembraria a luz da verdade essencial.
Platão diz que o amor "é uma loucura, que é dádiva divina,
fonte das principais bênçãos concedidas ao homem."
Ele tem uma visão muito exaltada do amor entre os sexos e, na verdade,
não quer que subestimemos
o seu alcance e significado.
Ele emprega o termo loucura para se referir ao primeiro degrau,porque,
sob a influência da paixão física, perdemos de vista perspectivas e
prioridades.
A alma anseia tanto pelo contato com a outra pessoa que perde o juízo.
Quando você está apaixonado, é como se o universo estivesse concentrado
na outra pessoa.
Isso não é necessariamente falso.
Platão diz que, em certo sentido, o universo realmente
está nessa pessoa.
Você só precisa transformar essa dimensão e ver não apenas a pessoa, mas
o universo nela.
Um amor platônico é caracterizado em primeiro lugar pela idolatria e
idealização do ser amado bem semelhante ao amor virtual.
A pessoa chega a gostar e admirar tanto o outro que passa a achá-lo
perfeito e não enxerga seus defeitos
Esse “tipo de amor” acredita na existência de dois mundos:
o real e o ideal.
O amor acontece no mundo ideal, ou seja, não passa das idéias,é aquele que
nunca será concretizado.
Começa com a atração por alguém e, em seguida,
já se faz planos para passar a vida inteira com a pessoa.
É uma mistura de sentimentos em exagero.
A pessoa age de uma forma que agrade a pessoa amada.
Romântico em demasia, na maioria dos casos, revela imaturidade
emocional,pois vive-se a ilusão da perfeição do ser amado em uma relação
idealizada e que pode não se concretizar.
Dificilmente um amor com estas características
sobrevive às frustrações e dificuldades da realidade.
Passa a ser entendido como um amor à distância,
que não se aproxima, não toca, não envolve.
Reveste-se de fantasias e de idealização.
O objeto do amor é o ser perfeito, detentor de todas as boas qualidades
e sem máculas.
Distancia-se da realidade e, como foge do real, mistura-se com o mundo do
sonho e da fantasia.
Talvez as pessoas que amam platonicamente
permanecem solitárias,
privadas do contato com o outro e conseqüentemente não vivenciam a
experiência enriquecedora que é a troca que ocorre numa relação a dois,
onde ambos podem revelar desejos, pensamentos, conflitos
e se beneficiarem com o conhecimento advindo
da relação com o outro.
O amor platônico satisfaz momentaneamente,
até que haja o adquirido amadurecimento que possibilita o revelar-se
para o objeto de amor,mostrar-se em todas as suas faces, sem medo ou
vergonha de perceberem-se verdadeiro,como acontece quando as pessoas
sentem-se integradas e seguras.
O medo de não atender aos anseios do objeto amado,
o sentimento de desvalorização,
incapacidade e desintegração podem contribuir
para o não aproximar-se, amar à distância,
impedindo que o indivíduo vivencie uma experiência de não só amar,mas
sentir-se amado,não só cuidar e se preocupar,
mas sentir-se acolhido, contido e amparado.
Essa troca de experiências emocionais é que permite o sentimento de que
amar e viver vale a pena,
e nos ajuda a suportar as dificuldades
e conflitos do cotidiano.
O amor nos faz adotar atitudes nobres para sermos
merecedores do amado.
O amor é uma espécie de frenesi e loucura que
nos estimula a viver
cada dia mais
intensamente.
Portanto,cuidado com cada coração
que você conquistar
Beth Hanriot
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